Vida e costumes dos povos bíblicos
A vida, com seus usos,
leis e costumes, difere de povo para povo, isso modernamente. Imagine-se como
não estão distantes os costumes antigos orientais tão citados na Bíblia! Esses
fatos, quando não compreendidos hoje, são tidos como aberrações. A Bíblia cita
inúmeras leis, preceitos, coisas e costumes do modo de viver oriental, que se
o estudante desconhecer suas causas, razões, e modo de ser, não compreenderá
muita coisa da revelação divina, já que tais fatos estão entretecidos no corpo
do relato bíblico. Quem quer que se ocupe da leitura e estudo do Santo Livro
estará sempre se deparando com essa dificuldade.
Vamos destacar alguns
casos dos acima mencionados, e estudá-los resumidamente, já que um elementar
curso de Introdução Bíblica não comporta o exame demorado da matéria em
questão.
1. Gênesis 24.2; 47.29-31
O juramento com a mão
sob a coxa. Significava então submissão, obediência irrestrita. Por isso
Deus tocou a coxa de Jacó! (Gn 32.24-32). Realmente, dali para a frente Jacó
tornou-se um homem de Deus. Até seu nome foi mudado!
2. Gênesis 37.34 - Rasgar as vestes
Era demonstração de
luto, lamento, tristeza. Há 28 casos na Bíblia. Os sacerdotes não podiam fazer
isso (Lv 10.6), mas, o de Mateus 26.5 o fez, sem razão. Esse ato de rasgar as
vestes obedecia a uma série de regras.
3. Juizes 5.10 - O
cavalgar sobre jumentas brancas Era então costume exclusivo dos reis,
juizes e fidalgos. Isso explica a passagem em apreço.
4. Juizes 9.45 - Semeadura
de sal
Esse ato significava
desolação perpétua sobre o local. Castigo perene.
5. Rute 3.9 - Pôr a aba da capa sobre alguém Significa
a proteção. Aqui tratava-se da lei do levirato, conforme Deuteronômio 25.5-10,
portanto nenhuma indecência havia aqui, como muitos o querem.
6. Salmo 119.83 - Um odre na fumaça
Odres são vasilhas
feitas de peles para o transporte de líquidos. Eram postas sobre a fumaça para
ficarem endurecidas pelo calor e fumaça. Isso também fazia aumentar de
resistência a espessura do couro, através do encolhimento. Fala do estado de
alma de Davi.
7. Mateus 1.18 -
Maria desposada com José
Na linguagem do Antigo
Testamento, o termo significa noivos, conforme vemos em Deuteronômio
20.7; 22.23,24. Naqueles tempos, em Israel, o noivado era ato seriíssimo. E de
fato o é. Os noivos tinham responsabilidade como se fossem casados! Em suma:
Em Israel, o noivado era o primeiro ato do casamento. Nessa ocasião, o noivo
entregava à noiva o contrato de casamento, ou uma moeda inscrita: "Consagrada
a mim."
8. Mateus 25.1-13 -
Um casamento oriental
As núpcias duravam 7 ou
mais dias. A união definitiva do casal somente tinha lugar no último dia. Nesse
dia, o noivo dirigia-se à casa da noiva, à noite, e a conduzia para sua casa.
Às vezes, o ato ocorria também de dia. A lua-de-mel durava um ano! (Dt 24.C).
9. Mateus 27.48 - O
vinho oferecido a Jesus na cruz Tal praxe era usada então para tornar as
vítimas insensíveis antes da morte. Jesus recusou. Sofreu a morte em estado de
plena consciência.
10. Lucas 5.19- ü
teto (eirado) da casa, aberto com tanta facilidade
As casas da Palestina
não tinham telhado, e sim eirado. Isto é, uma espécie de lage, feita de vigas
de madeira, recobertas de pedra e barro. O eirado recebia tratamento
especial, a fim de recolher águas pluviais, dada a carência de água potável na
citada região. Num teto assim, era fácil preparar uma abertura.
11. Lc 10.4 - A
ordem de Jesus: "A ninguém saudeis pelo caminho"
Não se tratava de
indelicadeza. O tempo que restava para Jesus era pouco, muito pouco, e as
saudações orientais tomavam muito tempo, não somente devido à troca de
expressões formais, mas também por causa das poses que o corpo assumia. Se os
enviados por Jesus cumprimentassem o povo segundo a maneira daquela época,
Ele não cumpriria sua missão redentora no devido tempo. Ele sempre se referia
ao "meu tem-po".
12. Atos 1.12 - O
caminho de um sábado
Isto é, o caminho
permitido no dia de sábado. Era a distância que ia da extremidade do arraial
das tribos, ao tabernáculo, quando no deserto. Essa distância era de 2.000
cúbitos, equivalente a 1.200 metros (Js 3.4).
13. Romanos 12.20 -
Brasas sobre a cabeça do inimigo (Pv 25.21,22)
O fato refere-se às leis
levíticas de Levítico 16.12, quando o sumo sacerdote fazia expiação pelo povo,
incluindo o incensário cheio de brasas. A expiação satisfazia à justiça de
Deus, promovendo a reconciliação do homem com Ele.
Os poucos casos aqui
citados servem para dar uma idéia do valor que há na compreensão da vida, das
leis, e dos usos e costumes antigos, orientais, conforme vemos na Bíblia. Há
inúmeros casos. Citamos aqui apenas alguns como exemplo. Eles estão na
revelação divina, elucidando muitos de seus aspectos.
Tirado do Livro INTRODUÇÃO BÍBLICA do Gilberto ANTÓNIO
Tirado do Livro INTRODUÇÃO BÍBLICA do Gilberto ANTÓNIO
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