Considerações gerais
sobre a interpretação
A história da interpretação mostra-nos que a adoção do método
correto de interpretação não garante necessariamente conclusões corretas pelos
usuários do método. O rabinismo, que usava o método literal, produziu varias
opiniões e interpretaçães erradas pelo mau emprego desse método. Logo, é necessário
definir alguns princípios de interpretação, mesmo depois de estabelecer o
método correto, para q o método não seja mal-aplicado e não produza conclusões
infundadas.
I.
A INTERPRETAÇÃO DAS PALAVRAS
Sabe-se sem
duvida que as palavras formam um meio de transmitir o pensamento. Toda exegese
correta precisa, então, começar por uma interpretação das próprias palavras. Horne,
em sua preciosa obra Introduction to the
critical study and knwledge of the Holy Scriptures {Introdução ao estudo
critic e ao conhecimento das Sagradas Escrituras}, fez um excelente resumo dos princípios
a ser empregados na interpretação das palavras.
1. Devemos verificar o usus loquendi,ou a noção vinculada a uma
palavra pelas pessoas em geral, pelas quais a língua é falada agora ou o era
antigamente, e sobretudo na relação especial a que essa noção está vinculada .
2. O sentido aceito de uma palavra deve
ser conservado a não ser que razões fortes e necessárias exijam que seja
abandonado ou negligenciado.
3. Quando uma palavra tem vários
significados de uso comum, devemos selecionar o que melhor se encaixa na
passagem em questão, o qual seja coerente com o caráter, com os sentimentos e
com a situação, o conhecida do autor, de acordo também com as circunstâncias
conhecidas sob as quais ele escreveu.
4. Embora a força de certas palavras só
possa ser extraída da etimologia, não podemos atribuir, no entanto, muita
confiança a essa ciência frequentemente incerta; isso porque o significado
primeiro de uma palavra muitas vezes é bem diferente de seu significado comum.
5. Devemos examinar e analisar
cuidadosamente as diferenças entre palavras aparentemente sinônimas.
6. Os epítetos introduzidos pelos
escritores sagrados também devem ser avaliados e examinados cuidadosamente, já
que todos eles têm força declarativa, ou servem para distinguir uma coisa da
outra, ou unem essas duas características.
7.
Termos gerais as vezes são usados em toda a sua extensão, e as vezes em
sentido restrito, e ser entendidos de uma maneira ou de outra depende da
extensão, do assunto, do contexto e das passagens paralelas.
8.
Com relação a qualquer passagem específica, o significado mais simples-
ou o que se apresenta mais prontamente a um leitor atento e inteligente, que possua
conhecimento aceitável – é com toda a probabilidade o sentido ou significado de
fato.
9.
Já que a característica da interpretação é proporcional na nossa própria
língua o mesmo discurso que os autores sagrados escreveram originariamente em
hebraico ou em grego, é evidente que
nossa interpretação ou verso, para ser correta, não deve afirma nem negar mais
que os escritores do original afirmaram ou negaram ao escrever;
consequentemente, devemos estar mais dispostos a extrair um significado da
bíblia do que acrescentar-lhe sentido.
10.
Antes de chegar a conclusão sobre o sentido de um texto, para provar algo
por meio dele, devemos ter certeza de que tal sentido não contraria o raciocino
natural.
Angus e
Green suplementam Horne dizendo:
As palavras
das Escrituras devem ser analisadas pelo seu significado comum, a não ser que
se demostre que tal significado contrarie outras palavras da frase, o argumento
ou contexto ou outras partes das Escrituras.
Dos dois
significados, o preferido é geralmente o mais evidente á compreensão dos
ouvintes ou leitores originários da passagem inspirada, permitindo que as
formas de pensamentos prevaleçam na sua própria época, assim como as expressões
figuradas, tão comuns, que não constituíam exceção a regra.
O
verdadeiro significado de qualquer passagem das Escrituras, então, não é cada
sentido que a palavra contém, nem cada sentido verdadeiro em si, mas o que é
proposto pelos escritores do original, ou mesmo pelo Espirito Santo, apesar de
entendido imperfeitamente pelos próprios escritores...
As palavras
devem ser interpretadas, então, no sentido usual, natural e literal.
II.
A INTERPRETAÇÃO DO CONTEXTO
O segundo grande tópico de nosso exame deve ser o contexto em
que a passagem esta inserida. Há certas regras que guiarão a interpretação
contextual. Horne as resume assim:
1.{...} um exame cuidadoso das partes anteriores e
posteriores nos possibilitara apurar o significado, seja literal, seja
figurado, que melhor se adapte a passagem em questão.
2. O contexto de um discurso ou livro das Escrituras pode compreender
um versículo, alguns versículos períodos, seções, capítulos inteiros ou todo
livro.
3.
Às vezes um livro da Escrituras compreende apenas um assunto ou
argumento, casa em que todo o livro deve ser relacionado aos anteriores e aos
posteriores e analisado conjuntamente com eles.
Ao examinar o contexto de uma
passagem, será necessário:
1.
Investigar
cada palavra de todas as passagens; e, á medida que a relação for formada pelas
partículas, estas devem sempre receber o significado que o assunto e o contexto
exigem.
2.
Examinar
a passagem inteira com muita atenção.
3.
Não
vincular um versículo ou passagem a um contexto remoto, a menos que concorde
com ele de forma mais próxima.
4.
Procurar
saber se o escritor continua seu discurso, evitando a suposição de que ele
passou para outro argumento, quando, na verdade, está dando sequência ao mesmo
assunto.
5.
Os
parênteses que ocorrem nas Escrituras Sagradas devem ser analisados
cuidadosamente, mas nenhum parêntese deve ser interposto sem razão suficiente.
6.
Nenhuma
explicação deve ser admitida, a não ser a que se encaixe no contexto.
7.
Quando
não se encontrar nenhuma relação com a parte anterior ou posterior de um livro,
tal foto deve ser aceito.
III.
INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA
A terceira consideração sobre a interpretação deve ser a
interpretação histórica, em que o contexto histórico imediato e sua influencia
são analisados cuidadosamente. Berkhof nos dá uma excelente síntese de
considerações nessa fase de interpretação.
1)
Afirmações Básicas da Interpretação Histórica
(1)
A palavra de Deus, originada de modo histórico,
só pode ser entendida a luz da historia. Isso não significa que tudo que ela contem possa ser
explicado historicamente. Como revelação sobrenatural de Deus é natural que
contenha elementos que transcendem os limites do histórico. Mas significa que o
conteúdo da bíblia é em grande extensão determinado historicamente e, portanto,
na história encontra a sua explicação.
(2)
Uma palavra nunca é compreendida
completamente até que se possa entende-la como palavra viva, isto é, originada
da alma do autor. Isso
implica a necessidade da interpretação psicológica, que é, de fato, uma
subdivisão da interpretação histórica.
(3)
È impossível entender um autor e
interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto a luz de sua
circunstancias históricas. É verdade que o homem, em certo sentido, controla as circunstancias de
sua vida e determina seu caráter; mas é igualmente verdadeiro que ele é, em
grande escala, o produto do seu ambiente histórico. Por exemplo , ele é filho
de seu povo, de sua terra e de sua época.
(4)
O lugar, tempo, as circunstancias e
as concepções prevalecentes do mundo e da vida em geral naturalmente emprestam
cores aos escritos produzidos sob essas condições de tempo, ligar e
circunstancias. Isso
se aplica também aos livros da bíblia, particularmente aos que são de caráter histórico.
Em todas as linhas literais não há livro que se iguale a bíblia no que ela diz
sobre a vida em todos os seus aspectos.
2)
Que se Exige do Exegeta. Em vista do
que foi dito, interpretação histórica exige do exegeta:
(1)
Que procura conhecer o autor que deseja
interpretar, seu parentesco, seu caráter e temperamento, suas caraterísticas
morais, intelectuais e religiosas, bem como as circunstancias externas de sua
vida...
(2)
Que
reconstrua, tanto quanto possível a partir dos dados históricos disponíveis e
com auxilio de hipóteses históricas, as circunstancias em que esses escritor se
originaram; em outras palavras, deve conhecer o mundo do autor. Deve informar-se
a respeito dos aspectos físicos da terra em os livros foram escritos, e
considerar o caráter e a historia, os costumes, a moral e a religião do povo no
meio do qual foram escritos.
(3)
É
de fundamental importância que considere as varias influencias que determinaram
mais diretamente o caráter dos escritos que se consideram, tais como, os
leitores originais, o proposito que o autor tinha em mente, a idade do autor,
seu tipo de mente, e as circunstancias especiais em que escreveu seu livro.
(4)
Além
de mais, deve transportar-se mentalmente ao primeiro século A.D. e às condições
orientais. Deve colocar-se na posição do autor, e procurar entrar em sua alma
até que seja capaz de viver sua vida e pensar seus pensamentos. Isso significa
que ele deve guardar-se do erro de querer transferir o autor para os dias
presentes e faze-lo falar a linguagem do século vinte...
IV.
A INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
A quarta
consideração sobre a interpretação deve ser a interpretação gramatical da
língua em que a passagem foi originariamente escrita. Isso, é claro, não pode
ser feito sem o conhecimento das línguas originais. Elliott e Harsha,
traduzindo Cellerier, declaram a regra básica:
O
interprete deve começar seu trabalho pelo estudo do sentido gramatical do
texto, com o auxilio da filologia sagrada. Como em todos os outros escritos, o
sentido gramatical deve ser o ponto de partida. O significado das palavras deve
ser apurado tendo em vista o uso linguístico e a conexão.
Terry
acrescenta:
“Interpretação
gramatical e interpretação histórica, quando entendidas corretamente”, diz
Davidson, são sinônimas. As leis especiais da gramatica, segundo as quais os
escritores sagrados aplicaram a língua, resultaram de circunstancias
especificas; somente a historia nos leva de volta a essas circunstancias. Não
foi criada uma nova linguagem para os autores das Escrituras; eles se adaptaram
à língua do pais e da época. Suas composições não teriam sido inteligíveis de
outra maneira. Tomaram o usus loquendi como encontraram, modificando-o naturalmente,
pelas relações internas e externas em meio as quais pensavam e trabalhavam. ”O
mesmo escritor também observa:” O sentido histórico-gramatical é composto pela
aplicação das considerações históricas e gramaticais. O grande objeto a ser
verificado é o usus loquendi, usando a lei ou os princípios da gramatica
universal que formam a base de toda língua {...} É o usus loquendi dos autores
inspirados que foram o objeto dos princípios gramaticais reconhecidos e seguidos
pelo expositor[...] chegamos a um conhecimento do usus loquendi especifico pela
via da investigação histórica...
Terry
descreve bem a metodologia e a intenção do método histórico gramatical. Ele
diz:
Considerações gerais
sobre a interpretação
Podemos
criar o histórico-gramatical como o método mais recomendado ao julgamento e à
consciência dos estudiosos cristãos. Seu principio fundamental é extrair das
próprias Escrituras o significado preciso que os escritores queriam transmitir.
Ele aplica aos livros sagrados o mesmo principio, o mesmo processo gramatical e
exercício de bom senso e de raciocínio que aplicamos a outros livros. O exegeta
histórico-gramatical, munira de qualificação intelectuais, de instrução e
morais adequadas, aceitara as afirmações da Bíblia sem preconceito ou favoritismo
adverso e , sem ambição de provar que sejam verdadeiras ou falas, investigara a
linguagem e o significado de cada livro com independência destemida. Ele
aprenderá o linguaja do escritor, o dialeto especifico que ele usou, e seu
estilo e modo peculiar de expressão. Ele pesquisara as circunstancias sob as
quais o autor escreveu, os modos e costumes de sua época e o proposito ou
objetivo que ele tinha em mente. O exegeta tem o direito de supor que nenhum autor
sensato seria propositadamente incoerente consigo mesmo, nem buscaria
surpreender ou enganar seus leitores.
V.
A INTERPRETAÇÃO DA LINGUAGEM FIGURADA
Um grande
problema que o interprete enfrenta é a interpretação da linguagem figurada.
Como as passagens proféticas frequentemente usam a linguagem figurada, essa
forma de comunicação deve ser estudada com cuidado.
A. O uso da linguagem figurada. Sabe-se em geral que a linguagem figurada é usada tanto
para embelezar uma língua quanto para transmitir ideias abstratas por meio de
transferência.
É uma
necessidade do intelecto humano que fatos ligados a mente ou a verdade
espiritual se revistam de linguagem emprestada de coisa materiais. A palavras
exclusivamente espirituais ou abstratas, não podemos impor nenhuma concepção
definida.
E Deus se
digna a atender a nossa necessidade. Ele nos leva a um novo conhecimento por
meio daquilo que nos é conhecido. Ele se revela de formas já conhecidas.
B. Quando a linguagem é literal ou figurada? O primeiro problema que o interprete
enfrenta é saber se a linguagem é literal ou figurada.
As
implicações são expostas por Horne:
Então, para
entender completamente a linguagem figurada das Escrituras, é requisito, em
primeiro lugar, procurar saber o que realmente é figurado, para não considerar
literal o que é figurado, o que faziam muitas vezes os discípulos do nosso
Senhor e os judeus, e para não perverter o significado literal com uma
interpretação figurada; e, em segundo lugar, quando apurarmos o que realmente é
figurado, interpretar isso corretamente e apresentar seu sentido verdadeiro.
Uma regra
simples para distinguir o literal do figurado é dada por Lockhart, que diz.
Se o
significado literal de alguma palavra ou expressão faz sentido em suas
associações, é literal; mas; se o significado literal não faz sentido, é
figurado.
Mais
adiante o mesmo autor é o significado mais comum de uma palavra e ocorre,
portanto, mais frequentemente que o figurado, qualquer termo será considerado
literal até que haja boa razão para uma compreensão diferente [...] O significado
literal e mais comum da palavra, se coerente, deve ser preferido ao significado
figurado ou menos comum.
Assim, o
interprete procederá com base na pressuposição de que a palavra é literal a
menos que haja boa razão para concluir o contrario. Hamilton, que defende o uso
da interpretação alegórica na profecia, confirma a mesma conjectura.
Uma boa
regra para seguir é aquele em que a interpretação literal da profecia deve ser
aceite, a não ser que:
a)
As
passagens contenham linguagem obviamente figurada.
b)
O
Novo Testamento autoriza a interpretação em outro sentido além do literal.
c)
Uma
interpretação literal contradiga verdades, princípios ou afirmações reais
contidas em livros não-simbólicos do Novo testamento. Outra regra clara é que
as pesagens mais clara do Novo Testamento em livros não-simbólicos são a norma
para a interpretação profética, em lugar de revelações obscuras e parciais
contidas no Antigo Testamento. Em outras palavras, devemos aceitar as partes
claras e simples das Escrituras como base para extrair o significado das mais
difíceis.
Considerações gerais
sobre a interpretação
Geralmente
será bastante inconfundível quando a linguagem for figurada. Fairbaim diz:
... deve-se
notar que, na grande maioria dos casos em que a linguagem é figurada, esse fato
aparece na própria natureza da linguagem ou da relação na qual ela se encontra.
Outro tipo de passagens em que a metáfora é também, em grande parte, fácil de
detectar é quando predomina a chamada sinédoque.
O mesmo
autor continua anunciando princípios pelos quais podemos saber se uma passagem
é literal ou figurada. Ele diz:
O primeiro
deles é que a linguagem é figurada quando se diz algo que, considerado ao pé da
letra, muda a natureza essencial do assunto mencionado. Um segundo principio
aplicável a tais casos é que, se a linguagem considerada literalmente contiver
algo incongruente ou moralmente improprio, o sentido figurado, e não o literal,
deve ser o correto. Uma terceira direção pode ser acrescentada: quando ainda
temos razão para duvidar se a linguagem é literal ou figurada, devemos procurar
solucionar a duvida consultando passagens paralelas ( se houver ) que tratem do
mesmo assunto em termo mais explícitos ou mais extensos.
Para
solucionar esse problema, Cellerier escreve:
Essa
investigação não pode ser alcançada com sucesso unicamente pela ciência
intelectual. Sansatez e boa fé, percepção critica e imparcialidade também são
necessárias. Algumas indicações gerais são tudo o que pode ser dado em relação
a isso.
a) A priori. É grande a probabilidade de
que a linguagem seja figurada nas passagens poéticas ou nos provérbios e também
nós discursos oratórios e populares. Em geral essa probabilidade aumenta quando
se supõe justamente que o escritor tenha sido induzido pela situação, assunto
ou objetivo a fazer uso de tal linguagem. Há uma probabilidade do mesmo tipo,
mas muito mais forte, quando a passagem examinada é animada e parece fazer
alusão a objetos de outra natureza.
b) A posteriori. Há uma probabilidade
ainda maior quando o sentido literal seria absurdo [...] Todas essas
probabilidades, no entanto, ainda são insuficientes. É necessário examinar a
passagem com muito cuidado, de modo critico, exegético e fiel. O sentido
figurado deve ser apoiado por todos esses processos antes de poder ser tomado
como a verdadeira interpretação.
Todo o problema de diferenciar a linguagem a linguagem
figurada da literal foi bem resumida por Terry, que comenta:
Raramente é necessário e, até mesmo, pouco praticável,
estabelecer regras específicas para saber quando a linguagem é usada de modo
figurado ou literal. Um principio hermenêutico antigo e muito repetido é que as
palavras devem ser entendidas no seu sentido literal, a não ser que tal
interpretação implique uma contradição manifesta ou um absurdo. Devemos
observar, no entanto, que esse principio, quando reduzido à pratica, torna-se
simplesmente recurso à razão de cada homem. E o que para um parece absurdo e
improvável pode ser para outro muito simples e coerente [...] Deve haver
referencia ao caráter e ao estilo geral do livro em causa, ao plano e ao
proposito do autor e ao contexto e à extensão da passagem em tela. Atenção
especial deve ser dada ao uso dos escritores sagrados, como determinado pela
comparação de todas as passagens paralelas. Os mesmo princípios gerais pelo
quais apuramos o sentido histórico-gramatico aplicam-se também à interpretação
da linguagem figurada, e jamais devemos esquecer que os trechos figurados da Bíblia
são tão certos e verdadeiros quanto os capítulos mais comuns. Metáforas,
alegorias, parábolas e simbologias são formas divinamente escolhidas para
expressar os oráculos de Deus, e não mereçam ser descobertos. Em geral, cremos
que as partes figuradas das Escrituras não são tão difíceis de entender quanto
muitos imaginam. Por meio de uma discriminação cuidadosa e judiciosa, o
interprete deve procurar identificar o caráter e significado de cada figura
especifica e explica-la em harmonia com as leis comuns da linguagem e com os
antecedentes, a extensão e o plano do autor.
Cooper formulou uma regra para sabermos quando interpretar
literal ou figuradamente. Ele diz:
Quando o sentido normal das Escrituras faz sentido, não
busque autor; assim considere cada palavra em seu significado primário, normal,
comum e literal, a não ser que os fatos do contexto imediato, estudado a luz de
passagens relacionadas e verdades estabelecidas e fundamentais, indiquem
claramente o contrario.
Esse pode muito tornar se o axioma do interprete.
Considerações gerais sobre a
interpretação
C.
A
interpretação da linguagem figurada. O segundo problema decorre do uso da
linguagem figurada é o método a ser usado para interpretar o figurado.
Devemos observar desde o principio que o proposito da linguagem
figurada é oferecer alguma verdade literal, que pode ser transmitida pelo uso
de metáforas mais claramente que de qualquer outra maneira. O sentido literal é
de maior importância que as palavras literais. Chefer afirma isso:
O sentido literal das palavras empregadas numa metáfora não
deve ser entendido como o significado da metáfora, mas sim como o sentido
pretendido pelo uso da metáfora. Em todas essas ocorrências há, então, apenas
um significado. Em tais casos o literal não é sentido. Em relação a isso
Cellerier diz: “A revelação [...] está carregada de formas populares fortemente
influenciadas por hábitos do Oriente, ou seja de forma metafóricas, poéticas e
parabólicas que transmitem significados diferente do sentido literal das
palavras. Mas mesmo assim não há dois significado real; o literal não existe
como significado; ele somente é o veiculo do anterior; não contém em si nenhum
resultado, nenhuma verdade. Há, portanto, apenas um significado verdadeiro [
Ma.d´Hermen., p.41]
Horne arrolou uma extensa lista de regras para apurar
corretamente o significado implícito de qualquer metáfora:
1.
O
significado literal das palavras deve ser conservado, mais nos livros
históricos das Escrituras que nos poéticos.
2.
O
significado literal das palavras deve ser desprezado, caso seja improprio ou
implique uma impossibilidade, ou quando palavra, tomadas pelo sentido estrito,
contenham algo contrario aos preceitos doutrinários ou morais transmitidos em
outras partes das Escrituras.
3.
Devemos
inquirir em que sentido a coisa comparada e aquilo a que ela é comparada
concorda respectivamente, e também em que sentido elas têm alguma afinidade ou
semelhança.
a)
O
significado de uma passagem figurada será conhecido se a semelhança entre as
coisas ou os objetos comparados for tão clara que seja percebida imediatamente.
b)
Já
que, nas metáforas sagradas, certa proposição geralmente é a principal coisa
exibida, o significado de uma metáfora será ilustrado pela analise do contexto
de uma passagem na qual ela ocorre.
c)
O
significado de uma expressão figurado geralmente é conhecido com base em sua
explicação pelo próprio escritor sagrado.
d)
O
significado de uma expressão figurado pode
ser apurado pela consulta de passagens paralelas, na quais a mesma coisa é
expressão de forma correta e literal, ou na qual a mesma palavra ocorre, e
assim o significado pode ser prontamente extraído.
e)
Analisar
a historia.
f)
Analisar
a conexão da doutrina, assim como o contexto da passagem figurada.
g)
Ao
especificar o significado transmitido por uma metáfora, a comparação jamais
pode ser estendida em demasia, ou a qualquer coisa que não posa ser aplicada
corretamente à pessoa ou a coisa representada.
h)
Na
interpretação das expressões figuradas em geral, e naquelas que ocorrem
particularmente nos trechos morais das Escrituras, o significado de tais
expressões deve ser regulado por aquelas que são simples e claras.
4.
Por
ultimo, ao explicar a linguagem figurada das Escrituras, é precioso ter cuidado
para não usar a aplicação de códigos modernos, pois os habitantes do oriente
muitas vezes associam a ideias certos atributos expressos de maneira totalmente
diversa da que normalmente ocorre a nossa mente.
Observamos com base nessas regras que os mesmo princípios
fundamentais aplicados a qualquer outra linguagem se aplicam também à
interpretação da linguagem figurada. O uso da linguagem figurada não exige
interpretação não- literal. A mesma sã exegese exigida em outros lugares se faz
nessa área.
Tirado do livro de Pentecost (Manual de Escatologia)
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