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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Considerações gerais sobre a interpretação


Considerações gerais sobre a interpretação

A história da interpretação mostra-nos que a adoção do método correto de interpretação não garante necessariamente conclusões corretas pelos usuários do método. O rabinismo, que usava o método literal, produziu varias opiniões e interpretaçães erradas pelo mau emprego desse método. Logo, é necessário definir alguns princípios de interpretação, mesmo depois de estabelecer o método correto, para q o método não seja mal-aplicado e não produza conclusões infundadas.

I.                    A INTERPRETAÇÃO DAS PALAVRAS

Sabe-se sem duvida que as palavras formam um meio de transmitir o pensamento. Toda exegese correta precisa, então, começar por uma interpretação das próprias palavras. Horne, em sua preciosa obra Introduction to the critical study and knwledge of the Holy Scriptures {Introdução ao estudo critic e ao conhecimento das Sagradas Escrituras}, fez um excelente resumo dos princípios a ser empregados na interpretação das palavras.

1.      Devemos verificar o usus loquendi,ou a noção vinculada a uma palavra pelas pessoas em geral, pelas quais a língua é falada agora ou o era antigamente, e sobretudo na relação especial a que essa noção está vinculada .
2.      O sentido aceito de uma palavra deve ser conservado a não ser que razões fortes e necessárias exijam que seja abandonado ou negligenciado.
3.      Quando uma palavra tem vários significados de uso comum, devemos selecionar o que melhor se encaixa na passagem em questão, o qual seja coerente com o caráter, com os sentimentos e com a situação, o conhecida do autor, de acordo também com as circunstâncias conhecidas sob as quais ele escreveu.
4.      Embora a força de certas palavras só possa ser extraída da etimologia, não podemos atribuir, no entanto, muita confiança a essa ciência frequentemente incerta; isso porque o significado primeiro de uma palavra muitas vezes é bem diferente de seu significado comum.
5.      Devemos examinar e analisar cuidadosamente as diferenças entre palavras aparentemente sinônimas.
6.      Os epítetos introduzidos pelos escritores sagrados também devem ser avaliados e examinados cuidadosamente, já que todos eles têm força declarativa, ou servem para distinguir uma coisa da outra, ou unem essas duas características.
7.                  Termos gerais as vezes são usados em toda a sua extensão, e as vezes em sentido restrito, e ser entendidos de uma maneira ou de outra depende da extensão, do assunto, do contexto e das passagens paralelas.
8.                  Com relação a qualquer passagem específica, o significado mais simples- ou o que se apresenta mais prontamente a um leitor atento e inteligente, que possua conhecimento aceitável – é com toda a probabilidade o sentido ou significado de fato.
9.                  Já que a característica da interpretação é proporcional na nossa própria língua o mesmo discurso que os autores sagrados escreveram originariamente em hebraico ou em grego,  é evidente que nossa interpretação ou verso, para ser correta, não deve afirma nem negar mais que os escritores do original afirmaram ou negaram ao escrever; consequentemente, devemos estar mais dispostos a extrair um significado da bíblia do que acrescentar-lhe sentido.
10.              Antes de chegar a conclusão sobre o sentido de um texto, para provar algo por meio dele, devemos ter certeza de que tal sentido não contraria o raciocino natural.

Angus e Green suplementam Horne dizendo:

As palavras das Escrituras devem ser analisadas pelo seu significado comum, a não ser que se demostre que tal significado contrarie outras palavras da frase, o argumento ou contexto ou outras partes das Escrituras.
Dos dois significados, o preferido é geralmente o mais evidente á compreensão dos ouvintes ou leitores originários da passagem inspirada, permitindo que as formas de pensamentos prevaleçam na sua própria época, assim como as expressões figuradas, tão comuns, que não constituíam exceção a regra.
O verdadeiro significado de qualquer passagem das Escrituras, então, não é cada sentido que a palavra contém, nem cada sentido verdadeiro em si, mas o que é proposto pelos escritores do original, ou mesmo pelo Espirito Santo, apesar de entendido imperfeitamente pelos próprios escritores...

As palavras devem ser interpretadas, então, no sentido usual, natural e literal.

II.                  A INTERPRETAÇÃO DO CONTEXTO
O segundo grande tópico de nosso exame deve ser o contexto em que a passagem esta inserida. Há certas regras que guiarão a interpretação contextual. Horne as resume assim:
1.{...} um exame cuidadoso das partes anteriores e posteriores nos possibilitara apurar o significado, seja literal, seja figurado, que melhor se adapte a passagem em questão.
2. O contexto de um discurso ou livro das Escrituras pode compreender um versículo, alguns versículos períodos, seções, capítulos inteiros ou todo livro.
3.  Às vezes um livro da Escrituras compreende apenas um assunto ou argumento, casa em que todo o livro deve ser relacionado aos anteriores e aos posteriores e analisado conjuntamente com eles.
Ao examinar o contexto de uma passagem, será necessário:
1.      Investigar cada palavra de todas as passagens; e, á medida que a relação for formada pelas partículas, estas devem sempre receber o significado que o assunto e o contexto exigem.
2.      Examinar a passagem inteira com muita atenção.
3.      Não vincular um versículo ou passagem a um contexto remoto, a menos que concorde com ele de forma mais próxima.
4.      Procurar saber se o escritor continua seu discurso, evitando a suposição de que ele passou para outro argumento, quando, na verdade, está dando sequência ao mesmo assunto.
5.      Os parênteses que ocorrem nas Escrituras Sagradas devem ser analisados cuidadosamente, mas nenhum parêntese deve ser interposto sem razão suficiente.
6.      Nenhuma explicação deve ser admitida, a não ser a que se encaixe no contexto.
7.      Quando não se encontrar nenhuma relação com a parte anterior ou posterior de um livro, tal foto deve ser aceito.

III.                INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA
A terceira consideração sobre a interpretação deve ser a interpretação histórica, em que o contexto histórico imediato e sua influencia são analisados cuidadosamente. Berkhof nos dá uma excelente síntese de considerações nessa fase de interpretação.
1)                 Afirmações Básicas da Interpretação Histórica

(1)               A palavra de Deus, originada de modo histórico, só pode ser entendida a luz da historia. Isso não significa que tudo que ela contem possa ser explicado historicamente. Como revelação sobrenatural de Deus é natural que contenha elementos que transcendem os limites do histórico. Mas significa que o conteúdo da bíblia é em grande extensão determinado historicamente e, portanto, na história encontra a sua explicação.
(2)               Uma palavra nunca é compreendida completamente até que se possa entende-la como palavra viva, isto é, originada da alma do autor. Isso implica a necessidade da interpretação psicológica, que é, de fato, uma subdivisão da interpretação histórica.
(3)               È impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto a luz de sua circunstancias históricas. É verdade que o homem, em certo sentido, controla as circunstancias de sua vida e determina seu caráter; mas é igualmente verdadeiro que ele é, em grande escala, o produto do seu ambiente histórico. Por exemplo , ele é filho de seu povo, de sua terra e de sua época.
(4)               O lugar, tempo, as circunstancias e as concepções prevalecentes do mundo e da vida em geral naturalmente emprestam cores aos escritos produzidos sob essas condições de tempo, ligar e circunstancias. Isso se aplica também aos livros da bíblia, particularmente aos que são de caráter histórico. Em todas as linhas literais não há livro que se iguale a bíblia no que ela diz sobre a vida em todos os seus aspectos.
2)                 Que se Exige do Exegeta. Em vista do que foi dito, interpretação histórica exige do exegeta:
(1)               Que procura conhecer o autor que deseja interpretar, seu parentesco, seu caráter e temperamento, suas caraterísticas morais, intelectuais e religiosas, bem como as circunstancias externas de sua vida...
(2)               Que reconstrua, tanto quanto possível a partir dos dados históricos disponíveis e com auxilio de hipóteses históricas, as circunstancias em que esses escritor se originaram; em outras palavras, deve conhecer o mundo do autor. Deve informar-se a respeito dos aspectos físicos da terra em os livros foram escritos, e considerar o caráter e a historia, os costumes, a moral e a religião do povo no meio do qual foram escritos.
(3)               É de fundamental importância que considere as varias influencias que determinaram mais diretamente o caráter dos escritos que se consideram, tais como, os leitores originais, o proposito que o autor tinha em mente, a idade do autor, seu tipo de mente, e as circunstancias especiais em que escreveu seu livro.
(4)               Além de mais, deve transportar-se mentalmente ao primeiro século A.D. e às condições orientais. Deve colocar-se na posição do autor, e procurar entrar em sua alma até que seja capaz de viver sua vida e pensar seus pensamentos. Isso significa que ele deve guardar-se do erro de querer transferir o autor para os dias presentes e faze-lo falar a linguagem do século vinte...

IV.               A INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL

A quarta consideração sobre a interpretação deve ser a interpretação gramatical da língua em que a passagem foi originariamente escrita. Isso, é claro, não pode ser feito sem o conhecimento das línguas originais. Elliott e Harsha, traduzindo Cellerier, declaram a regra básica:

O interprete deve começar seu trabalho pelo estudo do sentido gramatical do texto, com o auxilio da filologia sagrada. Como em todos os outros escritos, o sentido gramatical deve ser o ponto de partida. O significado das palavras deve ser apurado tendo em vista o uso linguístico e a conexão.

Terry acrescenta:
“Interpretação gramatical e interpretação histórica, quando entendidas corretamente”, diz Davidson, são sinônimas. As leis especiais da gramatica, segundo as quais os escritores sagrados aplicaram a língua, resultaram de circunstancias especificas; somente a historia nos leva de volta a essas circunstancias. Não foi criada uma nova linguagem para os autores das Escrituras; eles se adaptaram à língua do pais e da época. Suas composições não teriam sido inteligíveis de outra maneira. Tomaram o usus loquendi como encontraram, modificando-o naturalmente, pelas relações internas e externas em meio as quais pensavam e trabalhavam. ”O mesmo escritor também observa:” O sentido histórico-gramatical é composto pela aplicação das considerações históricas e gramaticais. O grande objeto a ser verificado é o usus loquendi, usando a lei ou os princípios da gramatica universal que formam a base de toda língua {...} É o usus loquendi dos autores inspirados que foram o objeto dos princípios gramaticais reconhecidos e seguidos pelo expositor[...] chegamos a um conhecimento do usus loquendi especifico pela via da investigação histórica...

Terry descreve bem a metodologia e a intenção do método histórico gramatical. Ele diz:

Considerações gerais sobre a interpretação

Podemos criar o histórico-gramatical como o método mais recomendado ao julgamento e à consciência dos estudiosos cristãos. Seu principio fundamental é extrair das próprias Escrituras o significado preciso que os escritores queriam transmitir. Ele aplica aos livros sagrados o mesmo principio, o mesmo processo gramatical e exercício de bom senso e de raciocínio que aplicamos a outros livros. O exegeta histórico-gramatical, munira de qualificação intelectuais, de instrução e morais adequadas, aceitara as afirmações da Bíblia sem preconceito ou favoritismo adverso e , sem ambição de provar que sejam verdadeiras ou falas, investigara a linguagem e o significado de cada livro com independência destemida. Ele aprenderá o linguaja do escritor, o dialeto especifico que ele usou, e seu estilo e modo peculiar de expressão. Ele pesquisara as circunstancias sob as quais o autor escreveu, os modos e costumes de sua época e o proposito ou objetivo que ele tinha em mente. O exegeta tem o direito de supor que nenhum autor sensato seria propositadamente incoerente consigo mesmo, nem buscaria surpreender ou enganar seus leitores.

V.                 A INTERPRETAÇÃO DA LINGUAGEM FIGURADA

Um grande problema que o interprete enfrenta é a interpretação da linguagem figurada. Como as passagens proféticas frequentemente usam a linguagem figurada, essa forma de comunicação deve ser estudada com cuidado.
A.      O uso da linguagem figurada. Sabe-se em geral que a linguagem figurada é usada tanto para embelezar uma língua quanto para transmitir ideias abstratas por meio de transferência.

É uma necessidade do intelecto humano que fatos ligados a mente ou a verdade espiritual se revistam de linguagem emprestada de coisa materiais. A palavras exclusivamente espirituais ou abstratas, não podemos impor nenhuma concepção definida.

E Deus se digna a atender a nossa necessidade. Ele nos leva a um novo conhecimento por meio daquilo que nos é conhecido. Ele se revela de formas já conhecidas.

B.      Quando a linguagem é literal ou figurada? O primeiro problema que o interprete enfrenta é saber se a linguagem é literal ou figurada.
As implicações são expostas por Horne:
Então, para entender completamente a linguagem figurada das Escrituras, é requisito, em primeiro lugar, procurar saber o que realmente é figurado, para não considerar literal o que é figurado, o que faziam muitas vezes os discípulos do nosso Senhor e os judeus, e para não perverter o significado literal com uma interpretação figurada; e, em segundo lugar, quando apurarmos o que realmente é figurado, interpretar isso corretamente e apresentar seu sentido verdadeiro.

Uma regra simples para distinguir o literal do figurado é dada por Lockhart, que diz.

Se o significado literal de alguma palavra ou expressão faz sentido em suas associações, é literal; mas; se o significado literal não faz sentido, é figurado.

Mais adiante o mesmo autor é o significado mais comum de uma palavra e ocorre, portanto, mais frequentemente que o figurado, qualquer termo será considerado literal até que haja boa razão para uma compreensão diferente [...] O significado literal e mais comum da palavra, se coerente, deve ser preferido ao significado figurado ou menos comum.

Assim, o interprete procederá com base na pressuposição de que a palavra é literal a menos que haja boa razão para concluir o contrario. Hamilton, que defende o uso da interpretação alegórica na profecia, confirma a mesma conjectura.

Uma boa regra para seguir é aquele em que a interpretação literal da profecia deve ser aceite, a não ser que:
a)                 As passagens contenham linguagem obviamente figurada.
b)                 O Novo Testamento autoriza a interpretação em outro sentido além do literal.
c)                  Uma interpretação literal contradiga verdades, princípios ou afirmações reais contidas em livros não-simbólicos do Novo testamento. Outra regra clara é que as pesagens mais clara do Novo Testamento em livros não-simbólicos são a norma para a interpretação profética, em lugar de revelações obscuras e parciais contidas no Antigo Testamento. Em outras palavras, devemos aceitar as partes claras e simples das Escrituras como base para extrair o significado das mais difíceis.

Considerações gerais sobre a interpretação

Geralmente será bastante inconfundível quando a linguagem for figurada. Fairbaim diz:

... deve-se notar que, na grande maioria dos casos em que a linguagem é figurada, esse fato aparece na própria natureza da linguagem ou da relação na qual ela se encontra. Outro tipo de passagens em que a metáfora é também, em grande parte, fácil de detectar é quando predomina a chamada sinédoque.

O mesmo autor continua anunciando princípios pelos quais podemos saber se uma passagem é literal ou figurada. Ele diz:

O primeiro deles é que a linguagem é figurada quando se diz algo que, considerado ao pé da letra, muda a natureza essencial do assunto mencionado. Um segundo principio aplicável a tais casos é que, se a linguagem considerada literalmente contiver algo incongruente ou moralmente improprio, o sentido figurado, e não o literal, deve ser o correto. Uma terceira direção pode ser acrescentada: quando ainda temos razão para duvidar se a linguagem é literal ou figurada, devemos procurar solucionar a duvida consultando passagens paralelas ( se houver ) que tratem do mesmo assunto em termo mais explícitos ou mais extensos.

Para solucionar esse problema, Cellerier escreve:

Essa investigação não pode ser alcançada com sucesso unicamente pela ciência intelectual. Sansatez e boa fé, percepção critica e imparcialidade também são necessárias. Algumas indicações gerais são tudo o que pode ser dado em relação a isso.
a)      A priori. É grande a probabilidade de que a linguagem seja figurada nas passagens poéticas ou nos provérbios e também nós discursos oratórios e populares. Em geral essa probabilidade aumenta quando se supõe justamente que o escritor tenha sido induzido pela situação, assunto ou objetivo a fazer uso de tal linguagem. Há uma probabilidade do mesmo tipo, mas muito mais forte, quando a passagem examinada é animada e parece fazer alusão a objetos de outra natureza.
b)      A posteriori. Há uma probabilidade ainda maior quando o sentido literal seria absurdo [...] Todas essas probabilidades, no entanto, ainda são insuficientes. É necessário examinar a passagem com muito cuidado, de modo critico, exegético e fiel. O sentido figurado deve ser apoiado por todos esses processos antes de poder ser tomado como a verdadeira interpretação.
Todo o problema de diferenciar a linguagem a linguagem figurada da literal foi bem resumida por Terry, que comenta:
Raramente é necessário e, até mesmo, pouco praticável, estabelecer regras específicas para saber quando a linguagem é usada de modo figurado ou literal. Um principio hermenêutico antigo e muito repetido é que as palavras devem ser entendidas no seu sentido literal, a não ser que tal interpretação implique uma contradição manifesta ou um absurdo. Devemos observar, no entanto, que esse principio, quando reduzido à pratica, torna-se simplesmente recurso à razão de cada homem. E o que para um parece absurdo e improvável pode ser para outro muito simples e coerente [...] Deve haver referencia ao caráter e ao estilo geral do livro em causa, ao plano e ao proposito do autor e ao contexto e à extensão da passagem em tela. Atenção especial deve ser dada ao uso dos escritores sagrados, como determinado pela comparação de todas as passagens paralelas. Os mesmo princípios gerais pelo quais apuramos o sentido histórico-gramatico aplicam-se também à interpretação da linguagem figurada, e jamais devemos esquecer que os trechos figurados da Bíblia são tão certos e verdadeiros quanto os capítulos mais comuns. Metáforas, alegorias, parábolas e simbologias são formas divinamente escolhidas para expressar os oráculos de Deus, e não mereçam ser descobertos. Em geral, cremos que as partes figuradas das Escrituras não são tão difíceis de entender quanto muitos imaginam. Por meio de uma discriminação cuidadosa e judiciosa, o interprete deve procurar identificar o caráter e significado de cada figura especifica e explica-la em harmonia com as leis comuns da linguagem e com os antecedentes, a extensão e o plano do autor.
Cooper formulou uma regra para sabermos quando interpretar literal ou figuradamente. Ele diz:
Quando o sentido normal das Escrituras faz sentido, não busque autor; assim considere cada palavra em seu significado primário, normal, comum e literal, a não ser que os fatos do contexto imediato, estudado a luz de passagens relacionadas e verdades estabelecidas e fundamentais, indiquem claramente o contrario.
Esse pode muito tornar se o axioma do interprete.
  Considerações gerais sobre a interpretação
C.                 A interpretação da linguagem figurada. O segundo problema decorre do uso da linguagem figurada é o método a ser usado para interpretar o figurado.

Devemos observar desde o principio que o proposito da linguagem figurada é oferecer alguma verdade literal, que pode ser transmitida pelo uso de metáforas mais claramente que de qualquer outra maneira. O sentido literal é de maior importância que as palavras literais. Chefer afirma isso:
O sentido literal das palavras empregadas numa metáfora não deve ser entendido como o significado da metáfora, mas sim como o sentido pretendido pelo uso da metáfora. Em todas essas ocorrências há, então, apenas um significado. Em tais casos o literal não é sentido. Em relação a isso Cellerier diz: “A revelação [...] está carregada de formas populares fortemente influenciadas por hábitos do Oriente, ou seja de forma metafóricas, poéticas e parabólicas que transmitem significados diferente do sentido literal das palavras. Mas mesmo assim não há dois significado real; o literal não existe como significado; ele somente é o veiculo do anterior; não contém em si nenhum resultado, nenhuma verdade. Há, portanto, apenas um significado verdadeiro [ Ma.d´Hermen., p.41]
Horne arrolou uma extensa lista de regras para apurar corretamente o significado implícito de qualquer metáfora:
1.                  O significado literal das palavras deve ser conservado, mais nos livros históricos das Escrituras que nos poéticos.
2.                  O significado literal das palavras deve ser desprezado, caso seja improprio ou implique uma impossibilidade, ou quando palavra, tomadas pelo sentido estrito, contenham algo contrario aos preceitos doutrinários ou morais transmitidos em outras partes das Escrituras.
3.                  Devemos inquirir em que sentido a coisa comparada e aquilo a que ela é comparada concorda respectivamente, e também em que sentido elas têm alguma afinidade ou semelhança.
a)                 O significado de uma passagem figurada será conhecido se a semelhança entre as coisas ou os objetos comparados for tão clara que seja percebida imediatamente.
b)                 Já que, nas metáforas sagradas, certa proposição geralmente é a principal coisa exibida, o significado de uma metáfora será ilustrado pela analise do contexto de uma passagem na qual ela ocorre.
c)                  O significado de uma expressão figurado geralmente é conhecido com base em sua explicação pelo próprio escritor sagrado.
d)                 O significado de uma expressão figurado  pode ser apurado pela consulta de passagens paralelas, na quais a mesma coisa é expressão de forma correta e literal, ou na qual a mesma palavra ocorre, e assim o significado pode ser prontamente extraído.
e)                 Analisar a historia.
f)                   Analisar a conexão da doutrina, assim como o contexto da passagem figurada.
g)                 Ao especificar o significado transmitido por uma metáfora, a comparação jamais pode ser estendida em demasia, ou a qualquer coisa que não posa ser aplicada corretamente à pessoa ou a coisa representada.
h)                 Na interpretação das expressões figuradas em geral, e naquelas que ocorrem particularmente nos trechos morais das Escrituras, o significado de tais expressões deve ser regulado por aquelas que são simples e claras.
4.                  Por ultimo, ao explicar a linguagem figurada das Escrituras, é precioso ter cuidado para não usar a aplicação de códigos modernos, pois os habitantes do oriente muitas vezes associam a ideias certos atributos expressos de maneira totalmente diversa da que normalmente ocorre a nossa mente.
Observamos com base nessas regras que os mesmo princípios fundamentais aplicados a qualquer outra linguagem se aplicam também à interpretação da linguagem figurada. O uso da linguagem figurada não exige interpretação não- literal. A mesma sã exegese exigida em outros lugares se faz nessa área.
  
Tirado do livro de Pentecost (Manual de Escatologia)

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