A
IMPORTÂNCIA DA EXEGESE
Todo
pregador deve se esforçar e se esmerar o máximo possível para que possa extrair
as verdades contidas no texto bíblico. E isto, só é possível com muito empenho
e estudo das Escrituras. Considera-se o Calvino como o pai da exegese por causa
do seu conceito sobre Vox Dei, o que ele entendia que o pregador conseguia
através de estudos e orações (orare e labutare), ou seja, com estes esforços,
Calvino entendia que o pregador conseguiria extrair das Escrituras a verdadeira
intenção do autor sagrado. Por isto muitos o consideram não somente o pai da
exegese, mas também, o exegeta da reforma, o maior exegeta de todos os tempos,
ou simplesmente o príncipe dos expositores. O princípio reformado da Vox Dei ensina que em meio à dificuldade
de se interpretar um texto devemos recorrer a outro texto bíblico sobre o
assunto, que seja mais claro, e ainda, devemos analisar o ensino de toda a
Escritura sobre o assunto que está sendo estudado. Daí a famosa frase de Lutero: “a Escritura interpreta a si mesma”. Atualmente
existem muitos livros e materiais de exegese, mas são muito poucos os
pregadores que lançam mão desses materiais para assim poderem trazer uma
mensagem mais rica ao povo de Deus. São poucos os pregadores que se esforçam o
máximo possível para fazerem uma boa exegese do texto bíblico. Para muitos
pregadores, pouco importa se ele está entendendo o verdadeiro sentido das
palavras do texto sagrado, o mais importante é subir no púlpito e o Espírito
Santo revelará tudo.
Existem
o que chamamos de “os passos do trabalho
exegético”, ou simplesmente, os passos da exegese. Dentre estes passos
podemos destacar:
O estudo histórico do texto
bíblico: Esse estudo consiste em procurar definir, mediante as
evidências internas e externas, quem é o autor do livro; qual a data, local e
ocasião em que o texto foi escrito.
O estudo contextual do texto
bíblico: O próximo passo é fazer um estudo contextual da
passagem. Esse estudo consiste em se delinear o contexto histórico da passagem,
os acontecimentos mais importantes do período próximo; estudo do contexto
literário, que é apontar tanto o contexto próximo quanto o contexto remoto da
passagem, e delinear a estrutura do contexto.
O estudo do gênero literário
do texto: O pregador precisa estudioso precisa definir o gênero
literário do texto em questão. Muitos pregadores tratam e interpretam todo
texto bíblico da mesma forma, esquecem-se que cada gênero merece um tratamento
diferente e específico. A
identificação do gênero ajuda o pregador a evitar interpretar erroneamente o
texto bíblico, ajuda a não espiritualizar e alegorizar o que não deve ser
alegorizado. Ou seja, Uma parábola nunca deve ser interpretada como uma profecia, uma
poesia não deve ser interpretada como o relato de um acontecimento histórico.
O estudo lingüístico do
texto: O exegeta não deve se limitar no estudo do texto na
língua vernácula, mas deve ir mais além. O pregador exegeta deve estudar o
texto em questão na língua original (hebraico ou grego).
O estudo gramatical do
texto: Na seqüência faz-se necessário um estudo das palavras
chaves, aspectos gramaticais, mensagem para a época da escrita e teologia do
texto.
João
Calvino entendia que pregação é a explicação das Escrituras. Ou seja, ele
entendia que o pregador precisa explicar o texto bíblico. E isto, só era
possível com um estudo minucioso, detalhado e profundo do texto bíblico. O mais
importante não era a habilidade natural de oratória ou o uso das técnicas de
retórica, mas o esmero e o esforço considerável que resultavam num entendimento
diferente e aprofundado do texto bíblico. Que por sua vez permitiria o pregador
entender e explicar melhor o texto em questão. Diz-se que Calvino pregava a
Bíblia verso por verso, crendo que através desse procedimento ele demonstraria
que a Palavra pregada também era Palavra de Deus, submetendo-se ao ensino das
Escrituras. Os estudiosos da vida dele dizem que ele não usava esboços, pregava
diretamente das línguas originais em que a Bíblia foi escrita. Ele não dava
muita importância a temas ou divisões em seus sermões. Não só como também
afirmava que todo trabalho do ministro devia se restringir ao ministério da
Palavra e que os ministros devem ser diligentes no estudo do texto. O que
muitas vezes temos visto e ouvido nas pregações e nos pregadores é o que
podemos considerar como eisegese. Esta é a prática mais comum dentre os
pregadores atuais. O pregador bíblico não se propõe a inventar e inovar o texto
bíblico. O pregador bíblico não se propõe a colocar novas idéias no texto. Mas
o pregador busca extrair o verdadeiro pensamento do texto sagrado, o pregador
em sua exegese deve se restringir ao texto. Deve-se praticar exegese e não a
eisegese, que é impor nossas idéias e pensamentos ao texto bíblico. Não se deve
ver no texto bíblico mais do que ele revela. Não se deve inventar idéias com o
intuito de se tornar a pregação mais atrativa e bonita.
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