OS JOVENS PREGADORES
Depois
de falarmos sobre alguns temas interessantes e pertinentes aos jovens, achei
relevante também incluir entre os assuntos, a grande onda dos nossos dias, ser
pregador. Ser pregador é uma grande bênção e é o cumprimento da promessa de
Deus. Mas, existem algumas questões que devem ser levadas em conta e que precisam ser tratadas com muita seriedade.
A febre
É
muito comum atualmente encontrarmos muitos jovens pregadores em quase todas as
igrejas. Como já tratei em um outro livro, parece que todo mundo quer ser
pregador. Parece uma febre, todo mundo quer subir no púlpito e pregar, todos
querem ser chamados de pregador. Em algumas igrejas os jovens não se interessam
muito com outras atividades desenvolvidas na igreja, o foco de quase todos é o
púlpito, a pregação.
Já sei tudo
O
mal presente em muitos meios, são os jovens recém convertidos, sem muito
conhecimento e sem maturidade cristã, acharem que já sabem tudo e que já são
grandes pregadores. Alguns depois de lerem vários livros de evangelistas e
pregadores mundialmente conhecidos, acham que não precisam de mais nada, ou
seja, já têm tudo e já sabem tudo.
É
uma grande vergonha termos jovens que pensam deste jeito, porque nunca ninguém
cabe de tudo, sempre precisamos e precisaremos aprender mais. Por mais que uma
pessoa faça muitos anos no ministério ou na área da pregação, sempre haverá
algumas coisas que ele precisará aprender ou aperfeiçoar. É muita arrogância e
prepotência alguém que está apenas começando, já começar a achar que já sabe
tudo. Pela graça de Deus pôde me encontrar com algumas pessoas que já fizeram
mais de 50 anos no ministério, e o que mais me impressionou foi a humildade
deles e a consideração que demonstram ter por outros pregadores e ministros.
Não só, como também estão sempre empenhados a aprender mais e buscarem mais
aperfeiçoamento no que fazem.
Já sou um grande
Um
grande grupo de jovens pelo simples fato de às vezes serem usados por Deus, se
enchem com o pensamento de que são os “grandes” do evangelho. Existem muitos
que não querem simplesmente pregar ou fazer a vontade de Deus, mas o verdadeiro
intuito que os motiva é a grandeza. Querem ser respeitados, temidos, reverenciados
e honrados acima de tudo. Pouco importa se foram ou não chamados para isto, pouco
importa se sabem ou não pregar, o mais importante para eles é aparecerem e
serem reverenciados.
Ser jovem e ser pregador
Muitas
vezes nos deparamos com algumas pessoas que quando notam que o pregador é
jovem, não dão muito crédito nele. São muitos os que não acreditam em
pregadores jovens e segundo estas pessoas, um pregador jovem e um total
inexperiente e portanto, sem muita sabedoria ou conteúdo para transmitir. Existem
ainda aqueles que acham que todos os pregadores jovens são aventureiros e sem
nenhuma seriedade no que fazem.
Na
Bíblia temos muitos pregadores que eram jovens, Samuel começou a servir sendo
ainda muito jovem, Jeremias foi chamado quando ainda era jovem, Ezequiel era
jovem quando foi chamado, Timóteo era jovem, João Batista era jovem quando
começou o seu ministério e o próprio Jesus também era jovem. Todos eles foram
bons e grandes pregadores, mas começaram quando eram jovens. Na Bíblia existe
uma grande promessa sobre os jovens (Jl. 2:28), mas por outro lado, não é fácil
ser jovem e ser pregador ao mesmo tempo. A maior parte dos jovens querem curtir
e se aventurar o máximo possível na vida, se entregar a Deus e se separar para
agradá-lo em tudo não é uma coisa fácil. Vai totalmente contra a natureza
pecaminosa do homem e principalmente contra a tendência dos caminhos dos
jovens. São muitos os jovens que entram no caminho de Deus, começam a servi-lo
e a pregar, mas acabam retrocedendo e voltando ao mundo. Não só, tem também
aqueles que pregam, mas não vivem e nem querem viver o que pregam. Pregam
porque simplesmente acham que lindo e bom pregar.
Paulo
advertiu a Timóteo que ninguém deveria desprezar a sua mocidade, mas antes
deveria ser um modelo para os crentes, um modelo na conduta, no falar, na fé,
etc. isto nos leva a crer que alguém pode ser jovem e ao mesmo tempo ser um
pregador sério.
Quem chama?
Muitos
jovens pregadores começam a servir na área da pregação, mas com muitos
conceitos errados. Conceitos que muitas vezes são adquiridos através dos meios
em que o pregador se converte ou cresce espiritualmente. Conceitos errados
podem levar a um modo de vida errado.
Uma
das coisas importantes que todo pregador deve saber é que quem faz o chamado é
Deus, ou seja, a vocação para alguém se tornar pregador, vem de Deus. Muitos
fazem grandes esforços mesmo vendo evidências claras de que Deus não os chamou
para este trabalho. Ninguém por si mesmo pode se tornar um verdadeiro pregador,
e nenhum ser humano da esta vocação aos outros seres humanos. Ninguém torna
ninguém pregador. Esta graça, este dom vem de Deus e não dos homens. Por mais
que Deus use alguém para falar conosco sobre este chamado e por mais que Deus
use alguém para nos orientar e instruir nesta área, a vocação vem somente de
Deus. No A.T. podemos ver que o próprio Deus é quem comissionava os profetas
(Moisés, Jeremias, etc.), e quando alguém recebia o chamado através de um
homem, este homem era simplesmente um instrumento enviado por Deus. O apóstolo
sempre insistia que o seu chamado vinha de Deus (1 Co. 1:1; 2 Co. 1:1; Gl. 1:1;
Ef.1:1; Cl. 1:1; 1 Tm. 1:1; 2 Tm. 1:1).
As expressões: “pela vontade de Deus”, “segundo a vontade de Deus”, “segundo o
mandato de Deus”, “chamado por Deus para ser”, deixam esta verdade muito clara.
Os
livros, as escolas de ministério, as faculdades teológicas, as orações, os
próprios esforços, etc., podem ajudam muito na vocação, ajudam no
aperfeiçoamento e no desenvolvimento do chamado, mas não dão a vocação. Deus é
quem chama, e isto deve ficar bem claro para nós. Ninguém se chama a si mesmo e
nunca ninguém dá a vocação ao outro, a vocação não é passada de pais para
filhos. Aquele que não tem esta vocação, por mais que se esforce nunca a terá,
na verdade só se atrapalhará e atrapalhará a outros.
Será que todo mundo deve ser pregador?
Este
é um dos problemas atuais, se considerarmos a evangelização, os testemunhos e
as conversas onde falamos do plano da salvação de Deus como pregação, neste
sentido amplo todo cristão pode e deve ser pregador. Todo mundo pode e deve
pregar como cristãos que somos, visto que devemos todos ser testemunhas (At.
1:8). Mas nem todos devem ser pregadores no sentido restrito da palavra (Tg.
3:1; Mt. 5:19). Querer ser pregador é uma boa coisa, mas devemos obedecer a
alguns passos:
- Ter
a vocação.
- Preencher
os requisitos morais e sociais.
- Buscar
um bom conteúdo Bíblico e teológico.
- Receber
um bom treinamento.
Ser
pregador requer muita responsabilidade e seriedade. É um grande privilégio, mas
também é uma grande responsabilidade. Só o desejo de sermos pregadores não
basta. Devemos estar dispostos a pagar o preço e de nos abnegar-nos de tudo o
que for preciso.
O talento dispensa tudo?
Muitos
jovens quando descobrem que têm o talento de pregação, não se importam com mais
nada. Dispensam todos os treinamentos necessários e tudo o que pode ajudar na
vida deles como pregadores. Em algumas igrejas para alguém se tornar pregador,
a única coisa que importa é o talento. Tendo o talento, por mais que o jovem
não seja exemplar, ele é aceite como pregador da igreja. No N. T. nós
encontramos outras exigências necessárias para alguém se tornar um pregador ou
líder (1 Tm. 3: 1-10; Tt. 1:5-9). É justamente por causa desta falta de
exigências que temos muitos jovens pregadores arrogantes, insubordinados,
gananciosos, ambiciosos, sem conhecimento, sem preparo adequado, não
experimentados, lascivos, dissolutos, rebeldes, bêbados, etc. É, infelizmente
esta é a nossa triste e lamentável realidade.
Que tipo de pregador queres ser?
Existem
hoje pregadores de todos os tipos que se possa imaginar, quentes, frios,
espirituais, carnais, que pregam a Cristo e os que pregam o próprio Ego,
preocupados com o Reino e outros preocupados com o dinheiro. Existem hoje
muitos pregadores em destaque no mundo evangélico, pregadores muitas vezes bons
de retórica e oratória.
Conceitos equivocados e errôneos sobre
pregação
Quando
um jovem quer se tornar pregador, precisa ter conceitos corretos sobre a
pregação. Mesmo que pregue bem ou que tenha uma boa oratória, se não tiver
conceitos corretos sobre a pregação, certamente acabará cometendo erros
desastrosos. Muitos jovens têm conceitos totalmente equivocados e errados sobre
nesta área, mesmo que inconscientemente. Muitos acham que a pregação:
- É
gritar e falar alto usando o nome de Deus.
- É
um meio de se exibir a erudição.
- É
um meio de demonstração de conhecimentos.
- É
um meio de propagarmos as nossas idéias.
- É
um meio de transmitirmos as nossas filosofias.
- É
um meio de se fazer destacado na igreja.
- É
um meio de se tornar conhecido.
- É
um meio de se enriquecer.
- É
um meio de se conseguir renome.
- E
um meio alternativo de se ganhar a vida.
- É
um meio rápido de se tornar importante.
Conceitos
errados e equivocados geram atitudes e vidas erradas. Levam a vidas distantes
de Deus e a praticas anti-bíblicas. existem muitos que são considerados de
“bons pregadores”, mas são péssimos cristãos. Muitos que ainda são considerados
“excelentes pregadores”, na verdade são “ex-cristãos”.
Quando o talento destrói a vida cristã
Muitos
jovens por causa do talento acabam destruindo as suas vidas. A certeza de são
muito bons na pregação e que são tremendamente usados por Deus leva-os a vidas
desregradas e ao relaxamento total. Quando alguns jovens descobrem que têm um
forte talento nesta área, acabam se tornando totalmente arrogantes e teimosos.
Começam a achar que já sabem tudo e que não precisam de mais ninguém. Alguns
outros se tornam depravados e insensíveis que até começam a defender o que
antes consideravam como pecado.
Existem
casos de alguns pregadores talentosos que se tornam verdadeiros mercadores e
mercenários da Palavra. Só podem pregar onde tem mais oferta e onde há
multidões. Não pregam mais em reuniões de pouca gente e nem em lugares sem
condições.
Quando
alguém caminha por este caminho, certamente está desviado do verdadeiro
propósito divino e está caminhando para sua própria destruição. O talento deve
levar-nos a atitudes positivas e boas. Deve fazer com que nos esforcemos mais e
que busquemos mais a graça de Deus, a humildade, a retidão, a santificação e a
unção.
Aprender continuamente
Temos
visto muitos jovens pregadores que aprendem alguma coisa no principio das suas
carreiras como pregadores, mas depois param no tempo. Se tornam impermeáveis e
cauterizados. Totalmente auto-suficientes. Um bom pregador nunca pára de
aprender. Busca crescer e se aperfeiçoar a cada dia. Como diz o velho ditado: “aquele
que pára de aprender, deve parar de ensinar”. O pregador deve procurar
se atualizar sempre, e isto pode ser feito através de conferencias, congressos,
seminários, cursos, escolinhas, livros, apostilas, etc. Não só isto, mas o
pregador deve sempre através dos pregadores mais experientes ou anciões buscar
mais conhecimento e orientações.
O respeito pelos anciões
Um
dos males mais comuns e freqüentes nos meios evangélicos é a falta de respeito
e consideração por parte dos jovens pregadores aos pregadores anciões. Muitos
jovens depois de começarem a pregar, começam a se achar o máximo e muitas vezes
chegam a atropelar os mais antigos nesta área. Existem inclusive alguns jovens
pregadores que aproveitam o momento da pregação para faltarem com o respeito.
Falam o que não devem e como não devem.
Alguns
pregadores jovens acham que todos os pregadores anciões falharam com a missão
ou que o tempo deles já esta ultrapassado, ou seja, devem deixar lugar para
eles. Por causa disso começam a fazer de tudo para os tirarem da “cena”. Triste
e lamentável, mas infelizmente é a atitude de muitos jovens. Alguns simplesmente
se esquecem que o inimigo é outro (o diabo), e começam a agir como se os
inimigos fossem os pregadores anciões.
Todo
jovem pregador deve saber que tem muito que aprender com os “mais velhos” ou os
mais experientes (2 Cr. 10:1-19).
A humildade
A
humildade deve ser sempre a marca de um jovem cristão pregador. A humildade no
pensar, no falar e no agir. Lembrando-se sempre que Deus resiste aos
orgulhosos, mas concede a sua graça aos humildes (Tg. 4:6,10; 1 Pd. 5:5-6). Não
só, mas também deve saber que a soberba precede a queda ou a ruína (Pv. 16:18).
Tirado do livro: "Os Jovens Cristãos e os seus Assuntos".
Autor: PASTOR SIMPLÍCIO