David Wilkerson
Um médico amigo,
muito querido, contou-me certa vez como Deus o matriculou na "escola da
simpatia". Ele quase já não era capaz de colocar-se no lugar das pessoas
que se queixavam de dor. Isto é, tinha pouca empatia com elas. Em realidade, de
tanto verem e ouvirem referências à dor, amiúde os médicos se tornam como que
imunes a ela. Ele não conseguia entender por que os pacientes com cálculos
renais, por exemplo, gritavam de dor. Dizia: "A coisa não deve ser assim
tão ruim — elas devem estar fingindo um pouco — talvez para conseguir
medicação. Como poderia alguém sofrer tanto assim?" Até que um dia acordou
com pedras nos rins! A dor era exatamente como diziam; ele necessitava de
medicação para poder suportá-la. Era terrível! Hoje meu amigo médico tem
verdadeira empatia com a dor dos seus pacientes.
Leio algumas das cartas que
minha esposa Gwen recebe de mulheres que sofreram mastectomias (ablação do
seio) ou que fazem exames gerais por causa de tumor no seio. Sabem que Gwen
sofreu cinco operações de câncer — sua mastectomia ocorreu por volta de 1980.
Elas clamam por simpatia e esperança. Gwen guarda algumas dessas cartas como se
fossem um tesouro. Para ela, essas mulheres aflitas são como estudantes do
sofrimento — há longo tempo que ela freqüenta a "escola da empatia de
Deus". Passou por sofrimento e dor, e agora pode oferecer consolo,
esperança e força. Gwen conhece a agonia de acordar com ataduras e sentir-se
desfigurada.
Existe uma escola de empatia
do Espírito Santo; nela estão matriculados santos que foram provados, que
passaram por grande sofrimento. Foram atirados de um lado para outro, tentados,
provados, maltratados. A Bíblia fala de uma "comunhão dos seus sofrimentos
(sofrimentos de Cristo)" (Filipenses 3:10). É uma comunhão de sofrimentos
compartilhados: provações profundas, misteriosas, inimagináveis. Jesus é o
fundador desta escola e determinou o currículo. Ele provou que é possível
passar por tudo isso, suportá-lo e diplomar-se como vencedor. Não recebemos
nosso diploma até que nós, também, sejamos glorificados!
Jesus sofreu angústia mental
e física — foi rejeitado, escarnecido, suspeitaram dele, foi submetido a abusos
físicos, riram-se dele. Sabia o que era ser solitário, faminto, pobre, odiado,
caluniado; e também o que era sofrer vexame, e ser alvo de piadas. Ele foi
chamado de mentiroso, disseram que sua vida era uma fraude, um falso profeta.
Foi humilhado; sua própria família o interpretou mal; seus amigos de maior
confiança perderam a fé nele; seus próprios discípulos o abandonaram e fugiram;
um deles até chegou a negar que o conhecia. Finalmente, cuspiram nele,
escarneceram-no, e o assassinaram! "Mas Deus assim cumpriu o que já dantes
pela boca de todos os seus profetas havia anunciado, que o Cristo havia de
padecer" (Atos 3:18). Jesus simpatiza com todas as nossas mágoas e
sofrimentos porque ele próprio passou por tudo isso: "Pois não temos um
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém um que,
como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hebreus 4:15).
Meu objetivo na transmissão
desta mensagem é advertir o leitor a não deixar-se afligir pela dificuldade e
sofrimento em sua própria vida, ou por aquilo que vê na vida de muitas pessoas
piedosas que vivem ao seu redor. Talvez você ame a Jesus agora mais do que
antes, e não entende por que está passando por provações e mágoas. Mas pode
estar bem seguro de que Deus tem um propósito divino por trás de cada provação,
por trás de cada sofrimento que você esteja enfrentando neste exato momento!
Paulo preocupava-se muito em
que os cristãos não ficassem perturbados pelo sofrimento que viam na própria
vida do Apóstolo. Sabia que sua vida era um espetáculo público, um aquário! Os
judeus acreditavam que se Deus se agradasse de uma pessoa, ela seria sempre
abençoada e nunca sofreria. Paulo não queria que os convertidos ficassem
confusos ao ver todos aqueles problemas que se aglomeravam em torno dele.
Poucos homens sofreram mais do que Paulo. Lembre-se do que Ananias profetizou a
respeito de Paulo imediatamente após a sua conversão: "Este é para mim um
vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, os reis e os filhos
de Israel. E eu lhe mostrarei o quanto deve padecer pelo meu nome" (Atos
9:15,16).
As notícias dos grandes
sofrimentos de Paulo divulgaram-se por todas as igrejas. Muitos convertidos e
os mestres judaizantes ainda mantinham as tradições dos judeus, segundo as
quais todo sofrimento é sinal do desagrado de Deus. Deste modo Paulo envia
Timóteo à igreja de Tessalônica, dizendo: "Para que ninguém seja abalado
por estas tribulações. Vós mesmos sabeis que para isto fomos destinados. Com
efeito, estando ainda convosco, predissemos que íamos ser afligidos, como
sucedeu, e vós o sabeis" (1 Tessalonicenses 3:3-4). Também ele diz aos
efésios: "Portanto peço-vos que não desfaleçais" (Efésios 3:13).
A Bíblia avisa-nos com antecedência que os piedosos em Cristo
sofrerão.
Não deveríamos ficar
surpresos quando sofremos. Não me importa se algum mestre, ou pastor, ou
evangelista lhe tenha dito que os santos que confiam, se tiverem fé correta não
têm de sofrer. A Palavra de Deus diz o contrário. O próprio Jesus disse:
"No mundo tereis aflições" (João 16:33). A palavra aqui traduzida por
aflições é a palavra grega thlipsis, que significa
"tribulação", "angústia", "cargas",
"perseguição", "perturbação". Jesus preveniu-nos de que nos
últimos dias sobrevirão sobre nós grandes dificuldades. "Então vos hão de
entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão. Sereis odiados de todas as
nações por causa do meu nome" (Mateus 24:9). Ouço tantos disparates em
pregações, como por exemplo: os Estados Unidos estão voltando para Deus porque
é a nação que está evangelizando o mundo — ou que é a nação que sustenta a
Israel. Minha Bíblia diz que todas as nações perseguirão os verdadeiros
crentes; todas as nações trarão tribulações sobre os que amam a Jesus. Paulo
disse às igrejas: "Continuamos a adverti-los com antecedência de que vamos
sofrer perseguição."
Jesus preveniu-nos de que se
aproximava uma onda de perseguição, sofrimento e tribulação até à morte.
Algumas pessoas dizem que isto não pode acontecer nos Estados Unidos, mas hoje
os homossexuais têm direitos garantidos pela Constituição de praticar seu
pecado; 500.000 marcharam pelas ruas de Nova York! Não poderia acontecer — não
obstante, o Congresso vai aprovar leis contra a exposição dos portadores de
AIDS, a primeira enfermidade (praga) protegida por leis de privatividade com
cobertura constitucional!
Paulo andou por toda a parte
advertindo os crentes de que eles experimentariam sofrimentos pessoais,
"confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na
fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de
Deus" (Atos 14:22). Outra vez, a palavra grega que Paulo emprega aqui para
"tributação" é a mesma que Jesus empregou acima, significando
"angústia", "cargas", "perseguições" e
"aflições". Paulo disse: "E na verdade todos os que desejam
viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2 Timóteo 3:12).
Os piedosos entrarão no reino, não sem sofrimento, sem doença, sem dor. Pelo
contrário, entrarão através de muita angústia, muita perseguição, muitas opressões,
e muitas aflições! Aos Tessalonicenses Paulo escreveu: "De maneira que nós
mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e
fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais" (2
Tessalonicenses 1:4).
Jesus adverte acerca de
certo tipo de crente que tropeça e cai quando surge dificuldade. "Porém o
que foi semeado em terreno pedregoso é o que ouve a palavra, e a recebe
imediatamente, com alegria. Mas não tem raíz em si mesmo, antes é de pouca
duração. Chegada a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se
escandaliza" (Mateus 13:20-21). Este é o cristão transigente, que de
repente é exposto à verdadeira Palavra de Deus. Num certo instante ele é
despertado possuindo uma nova alegria. Diz, então: "Foi justamente isto
que andei buscando! Está transformando minha vida. É maravilhoso!" E vai
por toda a parte, como um caxeiro viajante proclamando esta nova verdade,
dizendo a todos: "Vocês devem vir comigo — em minha igreja anunciam a
verdade!"
Ele parece estar feliz e
crescendo, mas há um coração duro, empedernido, que ainda não foi quebrantado.
Então Deus permite que venham angústia, dor, sofrimento, mágoa e rejeição, e
isso ele não pode entender! Acontecimentos assim não estavam em seus cálculos.
Ele diz: "Tenho tentado, tenho orado — tenho lido a Bíblia — já não sou o
que eu era. Então, por que tudo isto está acontecendo a mim?" A Palavra de
Deus está operando nele, mas fica impaciente. A palavra da verdade o
escandaliza. Ele vê pessoas piedosas sofrendo e isso não lhe parece direito.
Assim ele tropeça no problema — entrega os pontos — e cai!
Membros da igreja de Times
Square têm vindo a mim, depois de ouvirem dizer que Gwen esteve terrivelmente
enferma por quase três semanas, e me dizem: "Irmão David, não entendo —
ela é tão meiga e atenciosa — não vive em pecado. Por que estará sofrendo
tanto?"
Faith, irmã de minha
secretária, deu seus últimos vinte e cinco anos ajudando as crianças do gueto.
Ela era uma discípula de Jesus Cristo, piedosa, atenciosa, humilde, que fazia
tudo quanto ele lhe ordenava fazer. Faleceu há pouco tempo, consumida por
câncer nos ossos. Enquanto eu orava por ela, pouco antes de sua morte, senti
Jesus tomá-la pela mão direita e conduzi-la a pastagens tranqüilas,
verdejantes.
Alguns ficam escandalizados,
confusos. Mas Davi disse: "Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus
santos" (Salmo 116:15). "Preciosa", na língua hebraica,
significa "valiosa", "necessária". Significa que ele
necessita deles — que a morte deles é necessária ao propósito divino eterno.
Paulo disse com intrepidez: "para que agora e sempre, Cristo seja
engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte... o morrer é
lucro" (Filipenses 1:20,21). Ele prossegue, e diz: "sem serdes
intimidados pelos adversários. Isso para eles, na verdade, é sinal de
destruição, mas para vós de salvação" (Filipenses 1:28). O que ele está
dizendo é que o sofrimento, ou até mesmo a morte de uma alma piedosa, para o
mundo é um sinal de perda, de ruína, ou de desastre — mas para os que conhecem
a Deus é total livramento, pela vida ou pela morte.
Está-se dizendo aos cristãos
que não é da vontade de Deus que os crentes sofram, mas o que foi que os
apóstolos pregaram? Pedro disse: "Portanto, também os que padecem segundo
a vontade de Deus encomendem as suas almas ao fiel Criador, fazendo o bem"
(1 Pedro 4:19). "Porque também Cristo padeceu por vós, deixando-vos o
exemplo, para que sigais as suas pisadas" (1 Pedro 2:21). O que Pedro diz
é o seguinte: "Basta que vocês saibam que Deus é fiel, que ele não
permitirá que vocês sofram mais do que podem, dará uma via de escape, de modo
que possam suportar o sofrimento." Encomende a ele a guarda de seu corpo e
de sua alma!
Os apóstolos não pregaram o tipo de evangelho indolor que
está sendo pregado hoje.
"E o Deus de toda a
graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes
padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e
fortalecerá" (1 Pedro 5:10). "Amados, não estranheis a ardente prova
que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse. Mas
alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que
também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis." (1 Pedro
4:12-13). Paulo disse que por causa dele (Jesus), "sofri a perda de todas
estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo"
(Filipenses 3:8).
Sofrem os cristãos? Não
era Paulo um homem piedoso? Ouça o que ele diz: "Em trabalhos, muito
mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte
muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um.
Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri
naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em
perigos de rios, em perigos de assaltantes, em perigos entre patrícios, em
perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no
mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas
vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas
exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as
igrejas" (2 Coríntios 11:23-28). Através de toda a sua dor e sofrimento,
Paulo podia dizer triunfante: "Para mim tenho por certo que as aflições
deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser
revelada" (Romanos 8:18).
O propósito do sofrimento é produzir consoladores para o
corpo de Cristo.
Através da escola do
sofrimento, Deus está treinando simpatizantes que foram provados no fogo e se
comprovaram fiéis a ele. Deus vê as grandes tribulações que a igreja tem pela
frente: sofrimentos incríveis além do que se possa descrever, grande e aflitiva
perseguição. E ele não vai ser apanhado de surpresa sem testemunhas provadas e
verdadeiras nestes últimos tempos.
Talvez algum leitor não
saiba ou não entenda por que tem passado por provações tão profundas. A
situação chegou a ser tão difícil que você quase desistiu. Mas o Consolador veio
e firmou seus passos! Você esteve na escola da empatia tendo o Espírito Santo
por mestre, porque Deus tem um ministério de consolo para você exercer.
Foram-lhe ensinadas — talvez ainda lhe estejam sendo ensinadas — grandes
lições. Tudo para que você possa trazer esperança e consolação a outros que
estão começando a entrar por este mesmo fogo.
Sabemos que o Espírito Santo
é nosso Consolador. Mas por que ele vem a nós em nossa tristeza profunda? Por
que ele fortalece, ajuda, e eleva nosso espírito? "para que também
possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com
que nós mesmos somos consolados por Deus. Pois como as aflições de Cristo
transbordam para conosco, assim também a nossa consolação transborda por meio
de Cristo" (2 Coríntios 1:4-5). Paulo deixa claro que a alguns é permitido
suportar muita aflição, não apenas para seu próprio aprendizado, mas para
beneficiar e ensinar a outros. "Se somos atribulados é para vossa
consolação e salvação... a qual se opera suportando com paciência as mesmas
aflições que nós também padecemos... sabendo que, como sois participantes das
aflições, assim o sereis também da consolação" (2 Coríntios 1:6-7). Quem
há entre nós que possa olhar para o que uma pessoa enfrenta e dizer: "Isto
confortará, abençoará e salvará a outros que passarão pela mesma
situação?" É tão difícil crer e aceitar, mas a Palavra de Deus declara:
"a tribulação produz perseverança" (Romanos 5:3).
Hoje a igreja deve contar
com pessoas que não foram ofendidas ou destruídas por seus próprios
sofrimentos, pessoas que não estão desanimadas, abatidas, cheias de dúvidas,
mas apegando-se ao amor de Deus, provando que ele é fiel em todas as coisas —
pacientes, resistentes, fortes na fé. Elas devem servir de exemplo aos fracos,
ser uma fonte de verdadeiro conforto e consolação. É tão fácil para os que não
têm sofrido proferir palavras sem significado, vazias, procurando com elas dar
conselho. Mas a não ser que eles tenham morrido para o eu, morrido para a
sabedoria humana, morrido para doutrinas não provadas, não podem produzir vida.
De outro modo não teriam verdadeiro conforto ou esperança a oferecer.
Você deve decidir se permitirá que seus sofrimentos o
preparem e fortaleçam, ou o destruam.
E já vos esquecestes da
exortação que vos admoesta como filhos: "Filho meu, não desprezes a
correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido, porque o
Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para
disciplina que suportais a correção; Deus vos trata como a filhos. Pois que
filho há a quem o pai não corrige? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos
são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além disto,
tivemos nossos pais segundo a carne, os quais nos corrigiam, e os respeitávamos.
Não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, e viveremos? Aqueles, na
verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este,
para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. Na verdade,
nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, mas de tristeza.
Contudo, depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ela têm sido
exercitados. Portanto, levantai as mãos cansadas, e os joelhos vacilantes, e
fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que é manco não se desvie
inteiramente, antes seja curado. Segui a paz com todos, e a santificação; sem a
santificação ninguém verá o Senhor. Tende cuidado de que ninguém se prive da
graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por
ela muitos se contaminem" (Hebreus 12:5-15).
Tudo compete a você: ou você
permite que seu sofrimento se torne uma escola de empatia para ajudar a outros
— ou ele se tornará uma escola de morte que destruirá a você e contaminará a
muitos outros que recorreram a você. Algumas pessoas que lêem estas palavras
podem estar agora suportando grandes sofrimentos, creia que é porque você está
sendo disciplinado pelo Senhor. Ele o está corrigindo com grande amor, tentando
abrandar seu coração para produzir a santidade divina em você — quebrar sua
vontade obstinada. Mas ainda que seu sofrimento seja resultado de disciplina,
Deus diz que é para seu aproveitamento, e depois produzirá o fruto pacífico de
justiça se você estiver disposto a ser treinado por ele.
Se uma raiz de amargura
brotar, ela destruirá e contaminará. Há, porém, um meio de arrancar esta raiz,
de deter a contaminação: encoraje-se no Senhor. "Levantai as mãos
cansadas, e os joelhos vacilantes, e fazei veredas direitas para os vossos pés,
para que o que é manco não se desvie inteiramente, antes seja curado"
(Hebreus 12:12-13). Este é um chamado para que você desperte, livre-se da
apatia, volte a servir a Deus e nele confiar, que prossiga em linha reta e seja
curado — do contrário se instalará a apostasia total. Livre-se de todo
pensamento de desestímulo. Traga em cativeiro todo pensamento que vise abrandar
sua total obediência ao Senhor.
Não é a aflição ou o
sofrimento em si mesmo que nos ensina. Muitas pessoas boas nada têm aprendido
em suas dificuldades. Algumas têm até perdido terreno com Deus. Antes, é o
sofrimento entendido e a aflição aceita como procedentes da mão do Senhor. A
mente natural irrita-se e fica deprimida por qualquer tipo de sofrimento e
aflição. Assim, a menos que entendamos que Deus o permite e tem um propósito de
treinamento nisso tudo, o sofrimento e a aflição só impedirão o crescimento
espiritual. Davi disse: "No dia da minha angústia busquei o Senhor"
(Salmo 77:2). Essa é a finalidade: separar-nos do amor deste mundo e levar-nos
a Jesus para receber ajuda. Davi disse também: "Antes de ser afligido
andava errado, mas agora guardo a tua palavra" (Salmo 119:67). Deus
conhece a você e a mim! Ele permite que nos venham aflições, dizendo:
"Você é o tipo de pessoa que se esquece de mim quando os tempos são
favoráveis. Negligencia-me quando tudo vai bem. Eu o amo demais para perdê-lo
para o diabo. Eu o despertarei por meio da aflição, para lembrar-lhe como a
vida é breve, e fazer que você dependa de mim."
Deixe-me dar-lhe alguns bons
argumentos para usá-los contra o diabo:
1) Cristo sofreu imensamente na carne — e ele era perfeito!
2) Paulo e todos os nossos pais da igreja sofreram grandes aflições — e
Deus os amava sobremaneira.
3) Em vez de o sofrimento ser sinal do desagrado de Deus, é um sinal de
que você é filho — a quem ele ama, e disciplina!
4) Toda aflição tem em mira meu benefício e crescimento espirituais, e
serve para equipar-me com a simpatia que outros precisarão quando se acharem em
necessidade.
5) A situação pode ser aflitiva e dolorosa — posso chorar e sentir dor —
mas depois, se eu apreendê-la, produzirá o fruto da santidade.
Deus prometeu-nos um dia de livramento de todas as nossas
aflições!
"Muitas são as aflições
do justo, mas o Senhor o livra de todas" (Salmo 34:19). A palavra hebraica
aqui traduzida por "aflições" é ra, que significa "mal",
"calamidade", "angústia", "dano",
"tristeza", "tribulação", "perversidade". Isso
cobre praticamente tudo quanto poderia acontecer a um ser humano! Essas
aflições são muitas — e são para os justos! É a Palavra de Deus. "Os
justos clamam, e o Senhor os ouve; livra-os de todas as suas angústias"
(Salmo 34:17). "Livrar" aqui significa "arrebatar",
"puxar para fora", "resgatar".
Deus livra quando sua vontade é realizada.
Como é que o Senhor livra os
que clamam a ele? É certo que ninguém duvida de que Deus pode deter todo nosso
sofrimento, toda nossa dor, toda nossa aflição, apenas proferindo uma palavra.
Ele poderia enviar uma legião de anjos, um exército dos céus. Sabemos que já há
um anjo acampado ao redor de cada um de nós que cremos. Mas um Deus todo-sábio
não nos deixaria sozinhos na fornalha, caminharia conosco, e sentiria pesar se
nós o deixássemos. Ele não nos abandonaria antes de realizar a sua vontade. Do
contrário, tudo teria sido em vão. Ele não nos poupa por nosso choro. Paulo
fala de sermos "entregues à morte", de sorte que possa surgir a vida.
"E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de
Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal"
(2 Coríntios 4:11).
É aqui onde temos confundido
o significado de livramento: nem sempre somos libertados pelo afrouxar do
sofrimento, mas às vezes por sua intensificação, de sorte que Deus possa
apressar nossa libertação através de nossa morte frente a este mundo. Somos
libertos quando morremos para a carne! Você clamou a Deus por livramento? A
tribulação aumentou em vez de diminuir? As coisas estão piorando, e não
melhorando? Regozije-se! Você está prestes a ser entregue à morte! Está pronto
a perder toda a sua luta, próximo de morrer para a sua vontade.
O livramento não se
efetua através da resignação, mas mediante a ressurreição. Davi disse:
"Em ti confiaram nossos pais; confiaram e tu os livraste" (Salmo
22:4). Ele está falando aqui de Israel junto ao mar Vermelho, com o exército de
Faraó vindo atrás deles. Como foi que Deus os livrou? Suprimindo o problema?
Não, enquanto eles não entraram no mar Vermelho não houve livramento! Este é um
tipo de morrer para o mundo.
Jesus tornou-se nosso
libertador ao ser primeiro entregue à morte. "Aquele que nem mesmo a seu
próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também
com ele ; todas as coisas?" (Romanos 8:32). Não constitui bom testemunho
poder dizer: "Deus me deu fé especial - falei a Palavra — e todas as
minhas aflições e sofrimentos tiveram um paradeiro! Louvado seja Deus porque
estou livre de toda dor e aflição!" É melhor poder dizer: "Não
importa o que está pela frente — não importa qual a provação ou aflição — Deus
tem-se mostrado fiel. Da morte ele' produziu vida. Nenhuma dessas aflições pode
mudar-me agora. Ainda que ele me mate, nele esperarei."